Não podes dizer que não fui ambiciosa, que me esforcei
pouco, que podia ter feito mais.
Na verdade é isso que eu sinto, mas este cansaço que sinto..
este cansaço doí-me na alma, e corroí-me.
Não o suporto mais. Este cansaço de não ver frutos nascer da
árvore que tu plantaste.
Até na oliveira isso acontece, avô. Sabes como era
antigamente, não haviam bichinhos, daqueles que não sabemos de onde veem, a
comerem as azeitonas. Elas eram bonitas. E haviam muitas bonitas. Antes saia-me
sempre um sorriso ao vê-las na árvore, agora não avô.
E a minha vida está uma árvore sem frutos bonitos avô.. E és
só tu a minha raiz que me aguenta em pé.
O que se passa é que sinto o meu suor correr e não tenho
quem mo limpe, não tenho uma ventoinha que me desafogue dele, nunca. Ele tem
que secar com o tempo, tenho que secá-lo eu, com festinhas.
Depois vou buscar força para fazer mais suor e logo outra desilusão. E mais
disto, mais.
Na lua tu suas?