Pelo meio continua o seu rio embebido no nevoeiro que o empalidece
e esmorece. Pelo meio continuam essas águas que às duas margens pertencem e as
duas margens lavam. Essas que levam e trazem de volta um beijo eterno que as
duas margens partilham. E agora o beijo não se vê, o abraço não se sente, mas
estão lá, encobridos pela espessa camada de ar molhado e frio. Mas descanso: brevemente
aquecerá e nos deixará sentir de novo o abraço que tanto nos faz felizes.
Já pensaste, nós somos como duas margens de um mesmo rio,
meu amor.
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