terça-feira, 1 de outubro de 2013

Sem frutos



Não podes dizer que não fui ambiciosa, que me esforcei pouco, que podia ter feito mais.
Na verdade é isso que eu sinto, mas este cansaço que sinto.. este cansaço doí-me na alma, e corroí-me.
Não o suporto mais. Este cansaço de não ver frutos nascer da árvore que tu plantaste.
Até na oliveira isso acontece, avô. Sabes como era antigamente, não haviam bichinhos, daqueles que não sabemos de onde veem, a comerem as azeitonas. Elas eram bonitas. E haviam muitas bonitas. Antes saia-me sempre um sorriso ao vê-las na árvore, agora não avô.
E a minha vida está uma árvore sem frutos bonitos avô.. E és só tu a minha raiz que me aguenta em pé.
O que se passa é que sinto o meu suor correr e não tenho quem mo limpe, não tenho uma ventoinha que me desafogue dele, nunca. Ele tem que secar com o tempo, tenho que secá-lo eu, com festinhas. Depois vou buscar força para fazer mais suor e logo outra desilusão. E mais disto, mais.

Na lua tu suas?

Sem comentários: